domingo, 19 de agosto de 2012

“Não saber se ela tem comido bem por causa
daquela mania de estar sempre de dieta.
Se ele continua adorando vodka.
Se ela está fumando menos.
Se ele continua sorrindo daquele jeito lindo.
Se ela aprendeu a pensar mais com a cabeça do que com o coração.
Se ele continua levando tudo na sacanagem.
Se ela continua viciada em doce.
Se ele continua usando aquele samba-canção engraçada.
Se ela continua g
ostando tanto dele como antes mesmo
depois de tudo que aconteceu.
Se ele continua sendo tão fechado daquele jeito por medo de sofrer.
Se ela continua a ser tão romântica.
Se ele continua a ser tão bom de papo.”
— Martha Medeiros

sábado, 18 de agosto de 2012

Ghost

Será que eu poderia desistir de tudo por você?
Será que depois de todos os meninos e meninas por quem passamos, será que eu desistiria de tudo por você?
Cada passo que dou, estou machucando alguém. Pisando no coração de alguém...
Até que chega no final e eu piso no meu. Amasso ele, engulo e acabo com todo sentimento que eu tinha pelo mundo.
Não restou pureza, não restou paixão, não restou fome, não restou nada. Agora que chegou o fim, eu virei nada. Eu já tava assim há muito tempo e ainda não tinha visto.
...
Depois de todos os drinks e bares por onde passamos, será que eu desistiria de tudo por você?
...
Acordo de manhã, sem fome, sem sono, sem sede, sem vida. Saio por ai me enchendo de pessoas que acabam não ocupando espaços nenhum dentro de mim. Virei um fantasma, as pessoas vem até mim, mas, me atravessam... Eu não guardo mais ninguém aqui dentro.
Depois de tanto tempo indo e vindo, começando e terminando com tanta gente, nunca fiquei sozinha. Meu maior medo: ficar sozinha. E agora? Estou calada, tremendo.
Boto mais uma dose, acendo mais um cigarro e bola pra frente. Parei de atravessar as pessoas, porque toda vez que isso acontecia, as pessoas podiam até não ficar em mim, mas, um pedaço de mim ficava nelas... e agora, estou toda desfigurada. Cada pessoa que ficou com um pedaço de mim, ficou com um pedaço de um espelho quebrado, um vidro que corta a mão delas quando elas tentam fazer carinho pra lembrar das coisas boas. Eu era um espelho, que levou um murro e se quebrou todo pelo chão... E agora, o que fazer?
Apesar dos pesares, ando de cabeça erguida. Apesar dos pesares, ainda não tô morta, não completamente. Apesar dos pesares, ainda acredito que vou ficar bem.