segunda-feira, 21 de maio de 2012

Sujo e feio

Há tempos não escrevo, acho que é porque nada de interessante aconteceu mais nada minha vida. Nada acontece mais. A vida tá passando e eu tô aqui parada, feito um poste que serve de banheiro pros cachorros. Os cachorros. Termo que serve pra muita gente que já conheci. É certo que essa minha vida calma, de amor feliz, me deixa feliz. Sem choros à meia noite porque o filho da puta tava com outra naquela festa que eu não podia ir. Sem gritos histéricos com as minhas amigas porque aquele cara que não mandava notícias há semanas  resolveu me mandar um sms dizendo que tava com saudade. Tava com saudade é o caralho. Eu sei que não tava, ele só queria me apalpar naquela hora, só queria beijar meu pescoço e ter um pouquinho mais do meu corpo. Não tenho mais paciência pra correr pelo mundo atrás de um idiota que queira me amar. Eu encontrei o  idiota. E dos piores... Posso não chorar por ele ter ido a festa que eu não podia ir, mas, ainda choro porque ele esqueceu que eu tô aqui e ficar no Facebook o tempo inteiro. Posso não ficar histérica por uma sms de um filho da puta, mas, o meu filho da puta me faz gritar horrores em nossos aniversários de namoro, quando ele me leva pra cama. Ele me faz odiar a vida que eu tinha, e ao mesmo tempo querer matá-lo e fugir pra África, onde no calor escaldante eu pudesse ser um pouco menos psicopata, ou mais psicopata. Não sei. Só sei que a vida tá parada. E também não sei o que fazer. Sem aventuras, sem faculdades, nem trabalhos. Eu desejo com toda a angústia e solidão que vive dentro de mim, parar de ter medo. É isso. Eu tenho medo das grandes mudanças. Tenho medo de escolher errado, e fuder com o que sobrou da minha vida. Eu queria ser maior que os meus medos, mas, não sou. Queria a tarde calma, mas, isso me asfixiaria. Queria uma tarde voando de asa delta, mas, isso me mataria. Tenho medo de altura. A altura das coisas que me fazem temer chegar lá em cima e ter um velho mostrando o dedo do meio pra mim e que ele vá me dar um chute pra eu me esborrachar no frio e úmido chão da humilhação. Por isso continuo aqui no chão, esperando ter coragem e força, e uma bomba de oxigênio que me mantenha viva até o topo. Agora, tô ansiosa e procurando pelo cigarro. Procurando uma forma de fugir do mundo solitário e dolorido.
(O telefone toca)
Uma amiga liga pra mim, procurando por conforto. Fico sem ar, não sei como ajudar as pessoas sem ficar com o peso da dor delas no meu peito.
O namorado filho da puta dela deu beijos em outra menina. Ficou sem reação. Sinto a dor chegando. Meu peito fica dilacerado. Eu sei a dor disso, passei por isso, e tento me recuperar até hoje.
Tentei dar o conforto. E fiz o máximo. Desligo o telefone, e meu peito dói como se a dor fosse minha.
Acendo outro cigarro. Penso na vida.
Minha vida é parada, é quase sem vida. Sou sem destino e sem expectativas.
Mas, de vez em quando, faço valer a pena estar aqui. Minhas experiências às vezes não servem pra mim, mas, do pouco que vivi, posso aconselhar outras pessoas.
O mundo tá feio e sujo, mas, o sol tá a pino, e o calor esquenta nossa alma e isso já nos ajuda a seguir em frente.

Jessica Torres

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