sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Remos


É pequena, você anda me fazendo uma falta danada. Era tão bom passar aquelas tardes com você. Lembra daquele barco que nós compramos pra poder passear pra bem mais longe? Era tão bom. E depois disso a gente comprou um avião de papel só pra poder sentir as nuvens passando entre os nossos dedos, e saber o gosto que elas tinham. Lembro também que a gente ganhou uns remos novos, pois os nossos estavam desgastados de tanto remar pra lugar algum, e quando finalmente achamos um rumo certo, eles já não serviam mais. Eis o motivo do nosso tão inesperado fim. Só fomos ter noção de tudo àquilo depois que já estávamos distantes. Não foi culpa sua, nem foi culpa minha, disso hoje eu sei, foi culpa da vida, melhor dizendo dos remos desgastados. Aprendi que se quando toma um rumo novo, seja de avião, seja de barco, seja a pé, temos que sempre nos renovar, abdicar totalmente aquilo que usávamos antes, e suprir a vontade de ser novo. Então pode ser que um dia, quando eu estiver remando perto daquela ilha que a gente passava dias e dias olhando o céu, eu posso te ver novamente, mas com um novo ar, com novos remos, com novas expectativas, e sem nenhum fim em mente.

Millin Albuquerque

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